terça-feira, 21 de outubro de 2008

A MINHA ALUNA ANA

Hoje, tive a primeira sessão com os alunos do RVCC secundário. De entre todos, destacava-se a D. Ana, que punha questões e fazia perguntas pertinentes; estava atenta e interessada. Disse que tinha um texto sobre a banda gástrica, que ela tinha colocado há cerca de 1 ano.
No final, ficámos a conversar. Afinal tínhamos interesses comuns. Ela emagreceu 36 kg. Está elegante, bonita e satisfeita com o resultado.
Em Setembro, foi novamente operada porque a banda deslocou-se do sítio. Está ainda em recuperação. Falámos das nossas incertezas quanto à alimentação, das nossas angústias, das nossas vontades, de nosso gosto pela leitura. Fiquei contente por tê-la como aluna... certamente, vai fazer um portfolio bastante completo.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

A MINHA MENTE NÃO "SABE" QUE FIZ O BYPASS GÁSTRICO

A minha mente e o meu inconsciente ainda não reconhecem que eu já não sou a mesma pessoa!!! que depois da cirurgia do bypass gástrico não necessito de comer aquilo que comia anteriormente. Às vezes, esqueço-me que agora, tudo aquilo que eu como, tem de ser em quantidades mínimas.
Estava no Algarve e fui ao Shopping da Guia fazer umas compras. Comecei a ter vontade de comer um gelado. Então, eu, o meu marido e uma amiga nossa fomos à zona dos restaurantes. Sentaram-se a uma mesa a beber um café e eu fui à gelataria. O gelado era tipo italiano, com uma apresentação belíssima, as cores atraíam e estimulavam o desejo. Assim, quando a empregada me perguntou quantas bolas queria, eu respondi de imediato: - " Três bolas, SFF!!!. Escolhi um cone com limão, tangerina e café... e o gelado ficou enorme!!!
Fui toda contente juntar-me ao meu marido e à D.. Quando cheguei à mesa, eles olharam estupefactos para o enorme gelado que eu trazia.
O meu marido disse logo:- " Mas tu não vais conseguir comer isso tudo!!!"
E eu, que estava com uma enorme vontade de comer o gelado, respondi de imediato: - "Claro que vou! estou cheia de sede!!"
Eles olhavam incrédulos para mim!!! eu sentei-me e comecei a saborear aquela delícia. Tinha trazido uma colherzinha e muito devagar e sem pressas fui comendo, comendo o gelado... o meu marido ainda tentou "ajudar-me" a comê-lo, mas eu só lhe dei algumas colherzinhas...
Acabei de comer o gelado e senti imediatamente que tinha feito asneira!!! comecei a sentir-me nauseada e agoniada!!! Fomos para o carro e viemos para casa ( são apenas 4 Km!). Eu vinha muito calada, muito mal disposta... não queria dizer como me estava a sentir, mas era notório que eu não me sentia bem.
Quando chegámos, corri imediatamente para a casa de banho , mas não cheguei a tempo. Vomitei logo no hall. Vomitei o gelado todo. Fiquei muito mal disposta, continuava a sentir-me muito agoniada. Tive que ir para a cama. Adormeci algum tempo depois, quando acordei já estava bem disposta e pronta a ir comer a "sopinha" do jantar...

AS FÉRIAS COM O BYPASS GÁSTRICO

Há muito tempo que não venho aqui ao blogue. Hoje, apesar do adiantado da hora, vou contar como passei as férias e como me senti fisicamente.
Na 2ª quinzena de Agosto, fui para as Termas de Cabeço de Vide, para onde vou há 13 anos, depois da minha filha Marta, com 21 anos, ter falecido de morte súbita. Nesse ano de 1995, não podia sequer pensar em praia ou em férias muito agitadas, assim, pensei ir para Cabeço de Vide, para as Termas que os meus avós paternos frequentavam todos os anos. Levavam-me quase todos os anos com eles e por isso desde muito pequena que eu conheço aquele espaço verdejante e idílico do nosso Alentejo.
Para se fazerem tratamentos é necessário ir-se ao médico do estabelecimento termal. Somos pesados e medem-nos a tenção arterial.
Pus-me em cima da balança e pesava 67,5Kg!!! A empregada olhou para a ficha e viu que no ano anterior, o meu peso era de 105Kg. Olhou espantadíssima para mim, incrédula de que se tratasse da mesma pessoa!!! e na verdade, era mesmo eu, mas agora com menos 30 e tal quilos!!!! eu estava radiante e feliz! Durante todos estes anos, eu fui sempre aumentando o peso. Quando a Marta faleceu, eu pesava 72Kg, depois com a depressão e com o acidente de viação que sofri em 2001, fui aumentando, aumentando e quando dei por mim, pesava 105Kg!!
Durante estes 13 anos, recorri a um número infinito de médicos, endocrinologistas, nutricionistas, dietistas, clínicas de tratamento de corpo, acupunctura, etc. etc. Procurei em todo o lado e nem as dietas, algumas bastante drásticas me solucionaram o meu problema.
E assim, comecei a ter um corpo que eu não controlava. A minha maneira de ser e de estar era a mesma: sempre com um sorriso, bem disposta, de gargalhada fácil, interventiva, mas o corpo não tinha nada a ver com a minha mente e a minha personalidade.
Sentia-me muito mal, o sofrimento psicológico e físico era constante. Decidi então recorrer a um médico cirurgião que realizava operações ao estômago, para colocar a banda gástrica ou fazer um bypass gástrico.
Durante as férias, ainda vomitei algumas vezes, senti-me muitas vezes nauseada, mas como estou tão contente com a minha nova imagem, tudo isso foi relegado para 2º plano...

quarta-feira, 4 de junho de 2008

ANTES DO BYPASS GÁSTRICO E AGORA

Há muito de não escrevo nada, mas como tinha estas fotos para comentar, resolvi fazê-lo hoje.
Assim, aqueles que me conheciam bem gordinha e anafada, conforme mostra a foto , agora ficam "de boca aberta!" quando me vêem.
Desde o dia em que fui operada até hoje dia 4 de Junho, já perdi 30 Kg!!!??? Na verdade, são muitos quilos!!!
Quando tiver mais tempo, vou relatar a alimentação que faço agora.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

BYPASS GÁSTRICO - CIRURGIA - EM QUE CONSISTE?

Domingo, 11 de Maio de 2008


Transcrevo o artigo sobre bypass gástrico, do site da Sociedade Portuguesa de Cirurgia da Obesidade:
Bypass Gástrico - Após a observação de que as mulheres operadas de gastrectomia subtotal por doença ulcerosa péptica, tendiam a perder peso e que, além disso, lhes era muito dificil aumentar de peso, o Dr. Edward Mason da Universidade de Iowa- EUA, decidiu aplicar o mesmo principio à obesidade, criando a chamada cirurgia de bypass gástrico.
Desde o seu aparecimento, múltiplas modificações lhe foram introduzidas na tentativa de melhorar a perda de peso e minorar as complicações ( bolsa de 50c.c. ou menos, criação da gastroenterostomia com 0,9 cm, uso da técnica de Y Roux, variando o seu canal alimentar entre 100 e 150 cms, a via retrocólica e retrogástrica).
Um dos principais problemas desta técnica era a ruptura da linha de agrafos que poderia ocorrer até vários anos após a cirurgia, com aumento de peso, limitando assim o seu uso. Esta situação levou a que os cirurgiões começassem a usar técnicas para prevenir esta complicação, realizando assim a secção gástrica.
Entretanto para evitar a dilatação da gastroenterostomia e, assim o aumento de peso, passou-se a utilizar tecido protésico (anel de silastic) imediatamente acima da gastroenterostomia. Este anel tinha como função controlar o tamanho do estoma melhorando o controle do peso a longo prazo.foi descrito por Fobi e Capela que, além do anel interpõe entre as áreas do estõmago seccionadas uma ansa jejunal tentando prevenir a fistula gastro-gástrica. Esta cirurgia é hoje perfeitamente reproduzível por via laparoscópica.
COMPLICAÇÕESAs complicações do bypass gástrico são muito menos severas que as do bypass intestinal, podendo aparecer em várias fases:
COMPLICAÇÕES AGUDAS - A mais severa é a fistula da junção gastro-jejunal, provocando necessidade de cirurgia urgente ao paciente pelo risco de complicações mais severas (sepsis). Outras complicações embora muito importantes, mas que não põem em risco o paciente é a dilatação gástrica aguda, a atelectasia pulmonar e infecção, obstrução aguda do Y de Roux, infecção da parede.
AS COMPLICAÇÕES TARDIAS INCLUEM:
Estenose da anastomose gastro- jejunal. Anemia por falta de ferro em particular na mulher menstruada. Deficiência de vit. B12. Deficiência de calcio com osteoporose. Dumping. Úlceras da boca anastomótica. Apesar do número de complicações parecer elevado, elas não são ameaçadoras do tipo de vida, e é considerada actualmente como o gold standard da cirurgia bariátrica.
Publicada por LuzAzul em Domingo, Maio 11, 2008

domingo, 11 de maio de 2008

BYPASS GÁSTRICO - ARTIGO DA REVISTA MÁXIMA

Este trabalho sobre as diversas cirurgias de redução de estômago da autoria de Júlia Serrão, foi publicado pela Revista Máxima, é bastante interessante. Elucida bastante quem não está dentro deste assunto.
Assim, passo a transcrevê-lo:

As cirurgias de redução do estômago, pouco conhecidas em Portugal, são uma resposta eficaz para a perda de peso, mas apenas para os casos mais extremos.
Por Júlia Serrão

Ana Pontes - Depois de um tratamento para a depressão, Ana Pontes engordou 56 quilos, passando a pesar 120 Kg. Tinha 18 anos e a vida pela frente. Mas não a viveu. Fez 80 dietas orientadas por especialistas e só conseguiu ganhar ainda mais peso. Durante oito anos isolou-se do mundo… e dela própria. Para trás ficou a juventude, um 12.º ano concluído com média de 19 valores e uma vontade imensa de ir para a faculdade. “Deixei de andar na rua, pois não suportava o olhar e os comentários das pessoas acerca do meu corpo. Para além disso, tinha de me deslocar com a ajuda de muletas. Deixei de me olhar ao espelho, perdi a auto-estima… e tentei quatro vezes o suicídio”, conta.
Em Setembro de 2002, Ana Pontes foi submetida a uma cirurgia bariátrica – a gastroplastia – em que lhe foi introduzida uma banda gástrica no estômago. Tinha então 166 quilos. Actualmente pesa 87, menos 79, mas diz que ainda pretende perder mais 22. “Nasci de novo”, comenta, acrescentando: “Hoje saio para todo o lado, uso sapatos com saltos de sete centímetros, faço tudo o que não fiz e mais alguma coisa… e o mais importante, voltei a gostar de mim”.


A operação de redução do estômago apresenta-se como uma solução bem sucedida para indivíduos que sofrem de obesidade mórbida. E apenas estes. São candidatos a este tipo de intervenção pessoas com índice de massa corporal (IMC*) acima dos 40, e dos 35 desde que sofram de doenças complicadas associadas ao problema de excesso de peso e que, com a operação, possam melhorar.

A intervenção comporta alguns riscos – cada vez menos, é certo –, mas os pacientes, por si só, também já são de risco devido ao seu peso excessivo.
Os resultados são incontestavelmente compensatórios. Para além de possibilitar a estes indivíduos recuperarem a alegria de viver e a auto-estima – porque conseguem reduzir drasticamente o peso –, a cirurgia traz vários benefícios no caso de se detectarem algumas doenças associadas.
Por exemplo: “A cirurgia bariátrica trata a maior parte dos diabéticos. Estes deixam de ter ou passam a controlar melhor a doença. O mesmo acontece com os indivíduos que sofrem de hipertensão, que passam a apresentar valores normais”, explica o cirurgião Rui Ribeiro, um dos especialistas portugueses em cirurgia bariátrica do hospital de S. José.
Mas não é só o índice da massa corporal que faz um candidato à cirurgia de redução do estômago, como normalmente é conhecida. Esta população é criteriosa e regularmente acompanhada, ao longo de meses, por uma equipa interdisciplinar – especialistas em cirurgia, medicina interna, cirurgia plástica, nutrição, psicologia clínica, entre outras –, que trabalha em perfeita harmonia e a quem cabe decidir se o doente pode ser submetido ou não à operação.
Uma das provas de fogo é mostrar capacidade para seguir uma dieta, algo que terão de fazer após a intervenção.
“A pessoa tem que nos demonstrar que tem capacidade para mudar os seus hábitos alimentares, que consegue perder peso através de uma dieta e pode aderir aos princípios por nós determinados, porque o que fazemos com a cirurgia é ajudar o indivíduo a modificar os seus hábitos alimentares. O objectivo é que ele passe a comer com mais qualidade e menos quantidade, corte com as gorduras e os doces.” Ficam assim excluídos todos os indivíduos que sofram de adições, nomeadamente ao álcool e às drogas, “o seu comportamento não garante bons resultados no futuro”, diz o especialista.


Dizem os números - De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a obesidade é uma ameaça à saúde do Planeta apenas equiparável à fome. É considerada a epidemia do séc. XXI.
A obesidade mórbida é das doenças mais prevalecentes na actualidade e a que tem maior taxa de crescimento. • Nalguns países – nomeadamente nos Estados Unidos da América, Canadá e Brasil –, a cirurgia bariátrica é a operação, não urgente, mais praticada. Ultrapassa mesmo o número de operações para tratamento de doenças frequentes como as hérnias ou a litíase da vesícula biliar.
Em todo o mundo, cerca de 3000 cirurgiões especialistas em obesidade mórbida operaram
146 300 obesos. Destas operações, dois terços foram bypasses gástricos e um quarto bandas gástricas. Os números indicam que 62,85 por cento foram efectuadas por laparoscopia e apenas 37,15 por cento por via clássica aberta.

Em Portugal - Nos últimos cinco anos, foram submetidos a cirurgias de redução do estômago 1500 portugueses.
Estima-se que, existindo cerca de 100 mil obesos mórbidos em Portugal, pelo menos 20 mil venham a desejar realizar este tipo de intervenção.

A colocação da banda gástrica não é a única opção em cirurgia bariátrica, mas é seguramente a mais conhecida em Portugal. Dentro do mesmo tipo de operação ou técnica, dita restritiva, ou seja “aquela em que se faz uma restrição à quantidade de alimentos que podem entrar no estômago”, explica Rui Ribeiro, podemos encontrar ainda a gastroplastia vertical anelada.
A diferença entre as duas é muito simples: “enquanto na gastroplastia vertical a parte superior do estômago é ‘agrafada’ e apertada com uma espécie de anel, para que apenas um pequeno fragmento de estômago fique a trabalhar, a introdução da banda gástrica visa a divisão deste mesmo órgão, para o mesmo efeito, mas sem agrafamentos ou cortes. O “dispositivo” é colocado na parte superior do estômago e pode reduzir até um décimo a sua capacidade. O resultado é uma sensação precoce de se estar saciado”. A banda é feita de silicone e é insuflável, pelo que pode ser manipulada de acordo com as necessidades, ou seja é possível enchê-la e esvaziá-la ao longo do tempo, permitindo que o paciente coma mais ou menos e, consequentemente, emagreça mais ou menos.
Esta operação, que até há poucos anos era feita por via aberta, actualmente é realizada através da laparoscopia. É uma técnica totalmente revolucionária que permite intervir, sem abrir tanto o abdómen, pelo que se chama cirurgia mini-invasiva ou “cirurgia do conforto”. Para o efeito, basta fazer uns pequenos furinhos no corpo do paciente. “Para além das vantagens imunológicas e estéticas, este método cirúrgico reduz também a dor pós-operatória e as taxas de morbilidade e mortalidade, ou seja o risco do doente ter complicações na cirurgia”, assegura o médico.

As técnicas de má absorção – as menos conhecidas e usadas em Portugal –, onde se incluem a derivação bilio-pancreática, operação de Scopinaro, e a derivação bilio-pancreática com duodenal switch, são intervenções que visam reduzir o intestino delgado, que absorve nutrientes. O primeiro método reduz o intestino para que fique com a extensão de apenas meio metro, enquanto o segundo método faz com que passe a ter apenas um metro. Rui Ribeiro diz que estas técnicas são as mais agressivas de todas. “Provocam má absorção e estão indicadas para casos mais graves, ou seja para doentes que precisem de perder muito peso.”

As técnicas mistas, como o nome sugere, são uma mistura das duas primeiras: da restritiva e da de má absorção. É precisamente neste grupo que se insere a cirurgia bariátrica mais praticada no mundo inteiro: o bypass gástrico.

O bypass-gástrico - O especialista explica do que se trata: “Faz-se um corte numa pequena porção do estômago, a mais alta, onde se cria uma bolsa de 20 centímetros, que depois é ligada directamente ao intestino delgado. Na prática, faz-se uma passagem directa dos alimentos para o meio do intestino, deixando a sua primeira porção (entre 75 cm a 1,5 m) a não absorver”. Assegura: “Resulta muito melhor em termos de perda de peso do que qualquer das restritivas, porque a alteração da anatomia que é feita condiciona modificações em hormonas.

Doenças ligadas à obesidade

1.Os especialistas são peremptórios: a obesidade em si não é grave, o problema são as doenças que lhe estão associadas, nomeadamente a hipertensão, a diabetes, a hipercolesterolemia, as artroses, as varizes, as insuficiências respiratórias e as cardiopatias, só para citar algumas.

2.Rui Ribeiro lembra que os problemas psicológicos nestes doentes são igualmente devastadores. “As depressões exigem tratamentos psiquiátricos muito longos e muitos dias de absentismo laboral”

3.Finalmente, a limitação da vida social, em parte por automarginalização, é um sofrimento acrescentado e silencioso igualmente recorrente nas pessoas com excesso de peso. As sucessivas tentativas de suicídio são igualmente frequentes no limite desta situação

4.O cirurgião do hospital de S. José alerta: “Não é gordo quem quer. Hoje, sabe-se que existe uma componente genética que determina a doença. E por isso, resolver o problema por via cirúrgica deve ser uma solução ao alcance de todos os que precisam e podem a ela se submeter”
conhecimento e compreensão é muito recente e incompleto”.

O bypass gástrico é uma intervenção mais complexa do que a da banda gástrica e mais difícil de executar .
“Enquanto que a da banda gástrica dura em média cerca de 40 minutos, o bypass gástrico leva aproximadamente duas horas a realizar, mas é uma cirurgia que seguramente se vai impor a curto prazo.”

O balão intragástrico - Para além destas intervenções, há também que contar com as alternativas menos agressivas, nomeadamente o balão intragástrico. É fabricado em silicone, com capacidade de 400 a 700 ml de solução salina, e introduzido no estômago via endoscopia. O seu papel é o de preencher a cavidade do estômago, para que o indivíduo se sinta antecipadamente saciado e, dessa forma, diminua drasticamente a ingestão de alimentos.
“O balão intragástrico pode ser colocado com o objectivo de reduzir o peso no período pré-operatório ou em indivíduos que apresentam contra indicações à cirurgia bariátrica. É o caso daqueles que devido a uma doença cardíaca grave não podem ser submetidos, em segurança, a uma anestesia para cirurgia bariátrica ou outra.” O tempo de permanência máxima deste dispositivo no organismo é de seis meses, mas o doente pode fazer várias substituições ao fim de cada meio ano. Segundo o médico, os resultados deste método não são constantes. “Alguns doentes perdem peso, outros não”, esclarece, adiantando: “O método apresenta tantas complicações como qualquer um dos outros e é quase tão caro quanto a banda gástrica”.

O pacemaker gástrico é outra das opções para quem sofre de obesidade mórbida. Trata-se de um pequeno aparelho, a pilhas, que descarrega impulsos eléctricos com alta frequência na parede gástrica. O objectivo é inibir a fome. É colocado também por laparoscopia. Segundo o cirurgião, os resultados são também muito inconstantes. Além disso, defende que nestas duas últimas técnicas – o pacemaker e o balão intragástrico –, os pacientes perdem muito menos peso do que em qualquer uma das outras. Da mesma forma que o doente deve ser atempadamente preparado para a cirurgia bariátrica, qualquer que ela seja, deve ser acompanhado pelo nutricionista e pelo psicólogo clínico depois de ela ter lugar. Quanto ao médico que operou, esse deve acompanhá-lo para a vida.
*Índice de Massa Corporal = Peso em quilos/Altura2

A QUEDA DO CABELO

Quando comecei a sentir-me um pouquinho melhor, resolvi vir passar uns dias ao Alentejo.
Decidimos ficar para passar aqui a Páscoa.
Aproveitei para ir a uma consulta ao meu médico de família, onde o pus ao corrente de tudo o que eu tinha passado. Como sempre, ouviu-me com muita atenção e tivemos uma conversa bastante elucidativa sobre o meu estado clínico actual.
Queixei-me que me estava a cair muito cabelo. Eu andava já assustada, pois quando lavava a cabeça, no banho, ficava uma mão- cheia de cabelos no ralo do pollibain!!! eram imensos!!!
Claro que eu sabia que a queda do cabelo estava a acontecer, devido às 4 intervenções cirúrgicas a que tinha sido submetida, à septicemia, ao stress do internamento e do pós-operatório, etc. etc. , mas de qualquer modo, pedi-lhe para me receitar um medicamento que viesse parar ou atenuar esta queda de cabelo.
Receitou-me uma loção capilar e uns comprimidos. Comecei a fazer o tratamento, e de início não via melhoras, já estava a ficar desanimada, mas aos poucos, fui-me apercebendo que me caía menos cabelo e que já me estava a aparecer cabelo novo.
Comecei a ficar mais animada e hoje, já sinto o cabelo com mais vida e já me cai muito pouco.

AS COMICHÕES

No Alentejo fazia muito frio; então, sentava-me à braseira e ali ficava a ler, a ver televisão, a ouvir música ou simplesmente a conversar.
Comecei por sentir um ligeiro prurido na perna esquerda, abaixo do joelho... Quando me ia deitar, tinha necessidade de coçar, pois incomodava-me. Não se via nada. Quando coçava aparecia uma ligeira mancha vermelha. Dias depois, comecei a ter comichão nas costas, na zona lombar. Coçava e aparecia a mancha vermelha e pouco mais...
Mas, de dia um dia para o outro, a situação começou a agravar-se... a comichão era constante... e começaram a aparecer uma borbulhinhas vermelhas, que eu coçava desesperadamente...
Fui ao médico dermatologista que diagnosticou uma urticária. Vim para casa, tomar os medicamentos que me recitou e pôr pomada na zona inflamada. Fui fazer análises ao sangue e às fezes, que não revelaram nada.
Passados alguns dias, eu estava pior!!! a comichão já era constante e as borbulhas tinham-se espalhado para a zona da cintura...
Voltei ao médico. Receitou-me outros medicamentos. Comecei novo tratamento, mas sem qualquer resultado... a comichão, as borbulhas e o mau estar não me deixavam sossegar...
Eu dizia ao médico dermatologista que as comichões e as borbulhas se deviam ao stress do pós-operatório, e que era uma reacção do organismo a tanto sofrimento e padecimento. O médico não estava convencido disso... Os dias passavam e eu continuava cada vez pior.
O médico mandou-me fazer uma biópsia. Foi o próprio dermatologista que me fez a biópsia no Hospital de Portalegre. Em meados de Agosto, eu iria lá saber o resultado da mesma.
Mas, quase de um dia para o outro, comecei a melhorar... já não me coçava e sentia-me mais calma, pois aquela manifestação dermatológica deixava-me desesperada, com os nervos em franja!!
Fui para as Termas de Cabeço de Vide, como faço todos os anos. Quando iniciei os tratamentos ainda sentia, uma ligeira comichão, esporadicamente...mas, como quase não tinha comichão, eu ia-me esquecendo de como me sentira durante estes três meses...
Quando me apercebi, já não me coçava, já tinha a pele limpa, sem borbulhas e sem quaisquer manchas...
Estou convencida que todo este problema de pele se deveu ao stress, devido ao sofrimento e ao excesso de medicamentos que me ministraram durante o meu internamento e fora do hospital.
O médico não queria admitir, mas eu estou convencidíssima que o meu diagnóstico é que estava certo!! Quem melhor do que nós próprios, para conhecermos as reacções do nosso organismo, do nosso próprio corpo??!!!

DEPOIS DO BYPASS GÁSTRICO, A PRISÃO DE VENTRE!!!

Quando vim para casa, continuei a comer muito poucochinho... mesmo muito pouco!!
Ao fim de alguns dias de estar em casa, disse ao Zé que não evacuava desde que saíra do hospital. Ele ficou muito preocupado. Telefonou ao médico cirurgião e este quando se apercebeu dos dias que já tinham passado ( quase 15 dias!!) ficou muito preocupado e mandou-o comprar um clister Glyss-go.
Pus o clister, mas não resolveu nada!! O clister não saiu e eu não tinha qualquer vontade de evacuar; o meu marido foi à farmácia dizer à farmacêutica que não tinha dado resultado. Tomei Gutalax, bebi chá para os intestinos, etc, etc... nada dava resultado!
Eu estava preocupadíssima. Só pensava que tinha que voltar para o hospital, e que talvez tivesse que ser operada, de novo!!! Sentia-me péssima.
Ao fim de 2 ou 3 dias, com a ajuda de um chá, que se chama Tisana Imperial, e com um clister de 1,5 l de água morna, lá consegui evacuar. Foi pior do que ter um filho!!! as fezes estavam sequíssimas, em bolas que pareciam pedras, e eu não podia fazer força pois os pontos da costura não estavam cicatrizados...
Fiquei de rastos... nem força tinha para chegar à cama!!... Como é possível resistir-se a tanto sofrimento físico, a tanta dor!! ...






sexta-feira, 9 de maio de 2008

A CHUVA E O FRIO LÁ FORA...

Pela janela do quarto, via o tempo de Inverno, que fazia lá fora.
Fazia muito frio, e a chuva caía continuamente. Eu não me atrevia a sair da cama. Com muito esforço, ia sentar-me na sala, sem olhar a televisão.
A minha amiga E., que é médica, aparecia quase todos os dias lá em casa. Então, queria que eu me animasse, que eu reagisse e que não estivesse naquela apatia constante.
Então dizia ao Zé, que ele tinha que me levar a passear, à beira mar ou a um outro lado qualquer, para que eu me visse obrigada a reagir!!
Lá fora, a chuva caía ineterrupta e um denso nevoeiro cobria tudo. A noite surgia por volta das 17 horas!!! tudo era cinzento e triste... até a natureza estava solidária comigo!!!
Como era possível eu ir sair, ir passear com um tempo daqueles, se nem forças eu tinha para me deslocar do quarto para a sala??!!
Eu achava que a E. tinha razão, e que era eu quem não fazia um pequeno esforço para sair daquela situação!!! Mas eu não conseguia... era impossível sair de casa naquelas condições!!!









AS ORIENTAÇÕES DA DIETISTA

Conforme referi anteriormente, não tive quase nenhum apoio da dietista.
Mandei o mail à dietista pedindo-lhe algumas orientações. Passo a transcrever o que ela me enviou por mail:

Boa tarde Zu,

Tal como combinado em conversa telefónica,abaixo descrevo algumas orientações nutricionais a ter em conta:

- As refeições do p. almoço e lanche podem ser constituídas por: leite e iogurte magro, chá com 1/2 pão mistura (25g) ou 2 colheres de corn-flakes (do género Kellog's K), becel, 1 fatia de fiabre magro, 1 fatia de queijo magro ou queijo fresco;

- Meio da manhã e ceia: Sumo de fruta natural, iogurte ou leite magro, 1 peça de fruta

- Almoço / jantar: alternar sopa com prato. O prato deve ser constituído por carne ou peixe (bem cozinhados) - NÃO COMER FRITOS OU MOLHOS - 1 colher de arroz ou massa ou 1batata ou 1 bola de puré de batata; mais 1 colher de sopa de legumes bem cozinhados.

Comer a fruta do almoço e do jantar 1h30 depois das refeições em questão.


Sempre que tiver enfartada pare e descanse.
Beba água moderadamente e nunca 30 minutos antes ou após as refeições.
Mastigue muito bem os alimentos.
Evite comer fritos e doces.

Julgo não me ter esquecido de nada, no entanto se tiver qualquer dúvida entre em contacto comigo.


Não se esqueça: vá à rua beber o seu café (carioca).

Beijinhos,

R.G.

OS VÓMITOS

Todos os dias, me sentia como se estivesse grávida! o enjoo era constante. Se não comia ficava agoniada e quando comia ficava com vómitos e mal disposta!
Cheguei a uma altura que não sabia o que fazer.
Várias vezes, telefonei ao médico operador, que mostrava alguma apreensão e mesmo preocupação. Chegou a mandar-me fazer uma radiografia ao estômago, que eu não fiz, pois estava farta de exames clínicos, de médicos e de sofrimento.
Nunca tive apoio nem orientação da dietista, pois estava de licença de parto e por isso, eu apenas a tinha consultado antes da operação.
O que eu comia ou bebia era escolhido por mim, segundo os meus critérios. Sentia-me confusa e saturada...
Mas, o tempo foi passando e aos poucos a má disposição foi-se atenuando. Hoje, 6 meses depois de ter feito a cirurgia do bypass gástrico, já como de quase tudo.
Às vezes, ainda fico mal disposta e preciso de vomitar. Actualmente, não me sinto tão enjoada e aos poucos vou recuperando o apetite...

A TROMBOFLEBITE - 27 DE DEZEMBRO

Há já alguns dias, que me doía a perna direita. Na coxa apareceu-me uma mancha vermelha, bastante grande.
Marquei consulta e fui ao médico de clinica geral. Quando ele viu a mancha vermelha, disse-me que desconfiava que seria uma tromboflebite, mas que eu teria de ir fazer uma ecodoppler para se ter a certeza. Alertou-me para os perigos que eu corria e aconselhou-me a ir imediatamente a uma urgência. Eram 7 horas da tarde, já era noite e fazia bastante frio. A minha filha tinha ficado em casa à nossa espera. Eram horas de jantar.
Tanto eu como o Zé estávamos confusos, pois mais uma vez, nos víamos confrontados com um problema! O médico insistia para que eu fosse vista por um especialista, com urgência.
Decidimos ir para casa e ir no dia seguinte logo pela manhã, ir às urgências do Hospital dos SAMS.
Eu estava preocupada, pois tinha consciência do perigo que estava a correr.
Logo de manhã, fomos os três ao Hospital. Eu só pensava que poderia ficar ali internada de novo, isso angustiava-me, mas não o dava a conhecer.
O médico diagnosticou uma tromboflebite; mandou-me fazer a ecodoppler, onde se confirmou uma tromboflebite profunda na perna direita. A médica que me fez a ecodoppler disse-me que o caso era complicado e que iria falar com o colega, pois achava que eu devia ficar internada!! Fiquei mais uma vez sem palavras!! Tinha saído do Hospital no dia 7 e 20 dias depois, ia de novo ser internada!!! Não era possível estar-me a acontecer a mim!!!
Fomos mostrar o exame ao médico e este tranquilizou-me um pouco. Não via necessidade de eu ser internada, pois vivia muito perto do Hospital. Receitou-me 20 injecções, levei logo uma, no consultório e fez-me muitas recomendações para que eu estivesse alertada a alguns sinais de perigo.
Voltámos para casa. Eu tinha uma tromboflebite. Sentia-me doente, mas sobretudo muito saturada com toda esta situação.
No dia 31 de Dezembro, festejava-se a passagem do ano de 2007 para o ano de 2008.
A minha filha e o meu genro foram para casa de uns amigos, para festejarem a passagem do ano.
Eu não tinha vontade para nada. Ainda me sentei na sala para ver o programa de fim de ano na televisão, mas mal tinha começado o programa e já eu ia a caminho do quarto, para me deitar.
Os meus pais e o meu marido ainda me disseram para ficar mais um pouco até à meia noite, mas eu não me sentia com forças físicas e psicológicas para estar ali.
Eram demasiadas "coisas" para quem tinha acabado de sair de uma complicação e já estava noutra!...

segunda-feira, 28 de abril de 2008

EM CASA - O NATAL

A enfermeira ia diariamente fazer-me o penso, pois os pontos da costura da última operação infectaram e alguns não fechavam. Só ao fim de um mês, é que a cicatriz começou a cicatrizar.
A minha filha e o marido vieram passar o dia de Natal connosco. A muito custo, com a ajuda de todos, consegui fazer alguns dos pratos habituais do almoço de Natal.
O Dia de Natal foi muito cansativo para mim. Familiares e amigos vieram visitar-me e eu estava de "rastos". Ao fim de algum tempo sentada na sala, fui deitar-me, pois já não conseguia fazer-lhes companhia.
Recebi algumas prendas de Natal, mas eu que sempre reajo de um modo eufórico a qualquer prenda que me dão, não tinha qualquer reacção ao abri-las... assim me apercebi como ainda estava tão doente e abatida!!!

A CONVALESCENÇA

Em casa, sentia-me muito cansada, doente e abatida.
As pessoas, que me visitavam, queriam e insistiam para que eu me levantasse da cama, me mexesse e que me tornasse mais activa.
Eu sentia-me tão debilitada que não tinha forças para nada.
Por vezes, questionava-me se era eu que me tinha modificado, pois sempre fui uma pessoa activa e nunca fui "piegas" e agora não tinha forças para reagir!!!
Quase tudo o que comia, eu vomitava. Além disso, o apetite desaparecera completamente ainda no Hospital, e continuava sem vontade de comer fosse o que fosse.
Sentia-me bastante doente...
Os meus pais vieram para minha casa para nos fazerem companhia. A minha mãe fazia a comida e procurava-me constantemente se eu queria comer alguma coisa. Via a minha mãe tão preocupada!!
o meu pai com 85 anos e a minha mãe com 80 anos também estavam bastante deprimidos e muito preocupados com toda a situação. Eu queria poupá-los e tentava mostrar-me mais animada, mas a minha mãe, que me conhece muito bem, sabia que eu estava muito, muito doente...

terça-feira, 15 de abril de 2008

DIA 7 DE DEZEMBRO - VOU PARA CASA!!!!

O médico apareceu e deu-me alta.
Eu sentia-me muito receosa, pois sentia-me muito abatida e fraca e tinha receio que quando chegasse a casa surgisse mais alguma complicação.
Vesti-me, com muita dificuldade, e preparei-me para deixar o Hospital, 40 dias depois de ter entrado ali.
Por volta das 2 horas da tarde, passámos pela casa dos meus pais para os levarmos para nossa casa.
Assim a minha mãe sempre me podia dar uma ajuda, a fazer a comida e para me fazer companhia.
Quando cheguei a minha casa, estava completamente de rastos. O suor escorria-me pela cara e pelas costas. As pernas tremiam-me. Tinha medo de cair. Sentei-me no sofá, mas estive ali muito pouco tempo. Deitei-me e fiquei o resto do dia na cama.
Comi muito pouco ou nada!!!

DIA 6 DE DEZEMBRO - QUARTO 611

Da parte da tarde apareceu o enfermeiro de serviço que me tirou o cateter. Finalmente estou completamente livre de tubos. Ainda não acredito que estou a melhorar e que em breve terei alta.
Comi muito pouco.
Pedi para me deitar cedo, pois sentia-me muito cansada.
Estava muito abatida e nem televisão quis ver!

DIA 5 DE DEZEMBRO - QUARTO 611

O Zé escreveu:
" Foi-lhe tirado o soro, ao fim do dia, após visita do médico operador. Hoje já ficou liberta de tubos, com excepção do cateter.
Deu uns pequenos passos pelo corredor."

DIA 4 DE DEZEMBRO - QUARTO 611

No dia 4 de Dezembro o meu pai fez 85 anos. Logo pela manhã, telefonei a dar-lhe os parabéns. Sei que estão muito preocupados com toda esta situação complicada que eu estou a passar.
O Zé foi almoçar com os meus pais. A minha mãe fez-me um puré de batata com frango cozido triturado. Comi pelo menos metade, daquilo que me mandou. Para sobremesa mandou-me uma tacinha de maizena, que não me soube bem, e por isso não comi.
Pedi ao Zé que me fosse comprar um queijinho fresco no bar do Hospital. Comi 1/4 ( 2 colherzinhas!) e fiquei satisfeita.
Já me levanto e sentam-me no sofá. Por vezes, fico muito cansada e peço para me deitar, pois sinto-me muito fraca.

DIA 3 DE DEZEMBRO - QUARTO 611

Mais um dia de internamento. Como me estou a sentir melhor, começo a ficar saturada de tantos dias no hospital.
O Zé trouxe-me um caldo de frango e sumo de fruta cozida. Comi uma colherzinhas. Não tenho apetite nenhum.
Já não tenho febre e parei com o antibiótico.

DIA 2 DE DEZEMBRO - QUARTO 611

Foi domingo. O médico não apareceu. A situação está mais ou menos controlada.
Tive muitas visitas. A minha cunhada Lena, o Nuno, o meu cunhado António Manuel, o meu sobrinho Ângelo e a Paula. Foi um constante entrar e sair de visitas no quarto. Eu sentia-me muito cansada, mas mais bem disposta do que nos dias anteriores.
A minha filha Rita e o Bruno vieram ver-me e partiram dali para o Algarve.

DIA 1 DE DEZEMBRO - QUARTO 611

A situação evoluía favoravelmente. Eu não me tranquilizava, pois estava sempre com medo que o médico aparecesse e me viesse informar de mais uma complicação.
Eu fazia uma TAC quase todos os dias e a minha ansiedade era constante. A infecção urinária continuava. Os raios X ao tórax eram diários...
Era dia feriado. O Zé, a Rita e o Bruno foram almoçar a casa dos meus pais e depois trouxeram-nos.
A minha mãe tem 80 anos e o meu pai tem 85 anos, por isso, o Zé não os pôs ao corrente de muitos dos problemas e das complicações que surgiram durante estes 30 dias de internamento. Chegaram muito abatidos e preocupados e aos poucos foram-se apercebendo de algumas das situações anómalas por que eu tinha passado.
A minha tia Maria Emília e a minha afilhada Elsa vieram visitar-me. No final do dia, apareceram os meus cunhados Rodrigo e Odília. Todos entravam com uma expressão de incredulidade e de expectativa. Sabiam o que se tinha passado e andavam preocupadíssimos que surgissem mais problemas.

DIA 30 DE NOVEMBRO - QUARTO 611

O Zé escreveu:
" Dia muito semelhante ao anterior. Tiraram-lhe a algália, fizeram uma análise e verificaram que havia uma infecção urinária. Começou com um novo antibiótico específico para esta infecção.
A amiga Risoleta veio visitá-la. Ao fim do dia, apareceram a Rita e o Bruno, que vieram do Algarve para a ver.
A Zu mostrou-se satisfeita com as visitas, mas notava-se que estava cansada e abatida."
Lembro-me de ver chegar a minha filha Rita e o marido e de me esforçar por mostrar que estava bem. Não queria preocupá-la, pois com tantos problemas que me tinham acontecido, desde o dia 29 de Outubro até este dia, eu sabia que ela andava muito nervosa e muito apreensiva. Eles vivem e trabalham no Algarve, assim a distância era grande e não era fácil aparecerem sempre que queriam.

DIA 29 DE NOVEMBRO - QUARTO 611

Dormia mais ou menos bem.
Logo pela manhã, começava o vai-vem constante e o rebuliço dos enfermeiros, do pessoal auxiliar, do fisioterapeuta. Sentia-me muito cansada e eles também não me mandavam levantar. Não tinha forças para isso!
O Zé trouxe-me um caldo de carne, que eu não bebi nada, pois não gostei do sabor. Bebi uma colheres de sumo de maçã cozida e uma colherzinha de iogurte. O Zé ficou comigo até às 20h, hora a que terminava a visita.

DIA 28 DE NOVEMBRO - C. INTERMÉDIOS

Não sabia que dia do mês era hoje, mas calculava que estivéssemos quase no fim do mês.
A minha filha Rita fazia, no dia 28 de Novembro, 37 anos. Quis reagir, dar-lhe os parabéns com uma voz menos cansada, mas não consegui. Estava muito abatida. Os médicos abeiravam-se da minha cama e queriam saber como me sentia. Não era preciso dizer-lhes nada, pois eles viam como estava prostrada, abatida e indiferente a tudo e todos.
Não chorava. As lágrimas desapareceram desde que entrei no Hospital dos SAMS.
Hoje à tarde, passei para o quarto 611. Será que já não vou para mais nenhum lugar? Estava impaciente para vir para o quarto. Queria descansar e afastar-me do movimento constante dos cuidados intermédios.
Bebi 4 colheres de sumo de fruta e 4 colheres de água.
Eu estava relativamente bem disposta! O Zé ficou comigo no quarto até às 21h30. Esperou pelo médico operador para falar com ele, e como sempre o médico disse-lhe que estava tudo a correr bastante bem!
A todo o momento, entravam e saíam enfermeiros para me darem uma injecção, um comprimido, uma picadela no dedo, etc. etc. , quando me dispunha a dormir aparecia sempre alguém...

DIA 26 DE NOVEMBRO - C. INTERMÉDIOS

Continuo nos cuidados intermédios. Não tenho visitas. Apenas o Zé me pode vir visitar. Continuo muito abatida e apática. Tenho medo de ter uma recaída e de ter de voltar aos cuidados intensivos.
Hoje, o Zé não me trouxe nada para comer, também não era necessário!
Quando ele chegou, para a visita das 14h, eu estava com 38º de febre. Não se sabe de onde vem a febre. Será da septicemia? Será outra complicação? Todas estas interrogações me deixam muito preocupada e abalada.
O Zé foi falar com o médico cirurgião, que se mostrou optimista como sempre!???? A partir de hoje, iriam dar-me alimentação parentérica, através das veias, para estimular os intestinos. Há muito que não evacuo.
Sinto que todo o meu ser está parado, sem reagir a quaisquer estímulos.
Continuo a sentir-me muito mal...

DIA 25 DE NOVEMBRO - CUIDADOS INTERMÉDIOS

Ao fim da tarde do dia 24, passei para os cuidados intermédios.
Sentia-me muito doente, abatida e apática. Não falava com ninguém e não me apetecia voltar ali, aos cuidados intermédios, local de passagem para todos os operados, mas que para mim se estava a tornar um local de permanência. Aí, vive-se um clima de constante movimentação. Não há sossego, pois a todo o momento, está a chegar mais um doente do bloco operatório. Há gemidos, há ais, há sofrimento, há dor.
Por mais que eu quisesse abstrair-me do ambiente e do local onde me encontrava, eu não o conseguia, pois o vai-vem dos enfermeiros, dos médicos e dos familiares dos doentes é constante.
O Zé, bastante abatido e preocupado com toda esta situação, apareceu por volta das 14 h. Trouxe-me um caldo de galinha e caldo de maçã cozida. O apetite não era nenhum. Eu sabia que tinha que me alimentar, pois sentia-me muito fraca, mas não conseguia beber nada. Bebi 3 ou 4 colheres de sumo de maçã.
Tinha 38º de febre, e a prostração era total.
À tarde, trouxeram-me um chá de tília, mas eu não consegui beber nem sequer uma colherzinha!

sexta-feira, 4 de abril de 2008

DIA 24 DE NOVEMBRO - CUIDADOS INTENSIVOS

O Zé escreveu:
" Levei-lhe um caldo de carne e fruta cozida triturada. Não comeu nada do caldo e da fruta 3 ou 4 colherzinhas! Quando come, fica muito agoniada, apesar de ter a sonda nasogástrica. Hoje não tinha febre. Ao fim da tarde passou para os cuidados intermédios."

Continuava a sentir-me muito abatida, muito doente e sem força anímica para reagir. Não conseguia pensar em nada. Sem mexer os lábios, apenas com o meu pensamento, eu rezava a Avé-Maria. Queria ter a mente ocupada, pois sentia-me mais tranquila. Procurava não pensar na minha filha, nos meus pais, na vida que continuava lá fora...
O Zé estava um pouco mais animado, pois disseram-lhe que hoje ao fim da tarde eu seria transferida para os cuidados intermédios.
Sentia-me mais protegida e em segurança nos cuidados intensivos, mas como já estou melhor vou para os cuidados intermédios. A assistência que me era dada nos cuidados intensivos era muito boa; o pessoal médico e de enfermagem foram de uma dedicação e de uns cuidados extremos.

DIA 23 DE NOVEMBRO - CUIDADOS INTENSIVOS

O Zé escreveu:
"Continua nos cuidados intensivos. Gostei de ver a Zu, estava um pouco mais animada. A febre tem vindo a baixar com os antibióticos próprios para combaterem a septicémia. Fez uma TAC e os resultados também são mais animadores.
A médica de ontem assustou-me com a história do dreno, que continuava a drenar demasiado, mas a médica com quem hoje falei, disse-me que não é preocupante; que o trânsito intestinal está bem e a própria drenagem tem vindo a diminuir e é provocada por um pequeno abcesso. Disse-me que é natural que amanhã passe para os cuidados intermédios."

Eu sentia-me pessimamente. Apática e sonolenta, procurava dar alguma atenção ao Zé, que mostrava uma grande ansiedade e muito nervosismo. Quando ele me perguntava como é que eu me sentia, eu sorria-lhe ... mas não podia dizer-lhe que me sentia bem, pois isso não era verdade! Queria tranquilizá-lo, dar-lhe coragem... mas eu estava tão doente!...

DIA 22 DE NOVEMBRO - CUIDADOS INTENSIVOS

o Zé escreveu:
" A Zu continua nos cuidados intensivos. A febre baixou para 37,6º, mas a dor forte nas costas mantem-se. O cirurgião continua a dizer que "tudo está bem!" . Falei com a médica de serviço nos Cuidados Intensivos que me disse que o dreno continua a deitar secreções e esta fez uma cara muito feia! Será que terá que ser operada de novo?Eu não quero pensar em tal coisa!!!"

A minha amiga Deolinda veio ver-me. Eu sentia-me muito doente, mas a presença dela deu-me algum ânimo. Fez-me massagens de Shiatsu nos pés e nas pernas; massajou-me os braços e as mãos e procurou dar-me um pouco da sua energia, pois eu estava completamente em baixo. Fazia-me festas na cara e na cabeça e a sua expressão facial demonstrava uma enorme apreensão e quase desespero, por me ver tão doente.
Trouxe-me uma oração do Arcanjo Gabriel para eu ler e repetir quando estivesse sozinha. Esteve comigo mais de uma hora. Eu sentia-me um pouco melhor. Estava alheia a tudo e a todos, mas consciente que a presença da Deolinda me estava a fazer muito bem.
Quando a Deolinda se foi embora, o Zé continuou comigo, mais algum tempo. Eu sentia-me muito cansada, muito doente e muito infeliz...

DIA 21 DE NOVEMBRO - CUIDADOS INTENSIVOS

O Zé escreveu:
"Fui visitá-la aos cuidados intensivos. Encontrei-a mais calma. Já não tinha a máscara do oxigénio.
Estive com o médico cirurgião e disse-me que a TAC feita ontem está bem. Disse-me que o trânsito intestinal fez-se bem, com o contraste que foi aplicado.
A febre que ontem passou dos 39,5º baixou consideravelmente, estava com 37,1º. O médico garantiu-me que do ponto de vista cirúrgico está tudo bem!!!???; agora é esperar que os intestinos comecem a funcionar e a respiração volte ao normal. "
A minha permanência nos cuidados intensivos não foi tão tranquila como o Zé escreve nos seus apontamentos.
Na verdade, sentia-me muito doente. Procurava alhear-me dos barulhos à minha volta, pois havia doentes em grande sofrimento, e duas pessoas morreram enquanto lá estive.
Estava muito apática. Sei que dormia e acordava o tempo todo.
Estava com uma septicémia, que me deixou de rastos. Continuava a ser alimentada com alimentação parentérica e tinha imensos aparelhos ligados a mim.
A médica dos cuidados intensivos era uma simpatia, muito meiga e muito atenta a qualquer movimento ou queixume. Vinha frequentemente junto da minha cama, perguntava-me como me sentia e afastava-se com uma expressão bastante preocupada.
Pedi ao Zé que telefonasse à minha amiga Deolinda, médica de Medicina Tradicional Chinesa, para que ela viesse ver-me e dar-me algum consolo e alento.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

DIA 21 DE NOVEMBRO - CUIDADOS INTENSIVOS

Na noite de 20 para 21, o meu estado de saúde piorou bastante. Não conseguia respirar, sentia-me com muita febre e não conseguia adormecer. Tinham-me deixado na mesa de cabeceira uma garrafa de água, de 33 cl e eu bebia toda. Chamei o enfermeiro e disse-lhe que me sentia muito mal. Ele viu a garrafa vazia e ficou zangado comigo por eu ter bebido a água toda. Tirou-me a garrafa da mão e atirou-a para cima da mesa, muito irritado. Eu sentia-me cada vez pior...
Pedi-lhe que me ajudasse, pois eu sentia-me muito mal... pedi-lhe que me pusesse a dormir, pois não aguentava tanto sofrimento... não conseguia respirar...
Não sei o que me deram ou fizeram. A partir desse momento não me recordo de nada.
Nessa noite de 20 para 21 transferiram-me para os cuidados intensivos, sem eu me aperceber de nada!
Estava com uma septicémia. Os 40º de febre, que eu tinha, eram devido à grande infecção generalizada que eu tinha. O catecter que me tinham colocado no pescoço, aquando da 1ª operação, dera origem a esta grande infecção.

DIA 20 DE NOVEMBRO

O Zé escreveu nos seus apontamentos:
" Hoje, cheguei ao Hospital ao meio dia, subi imediatamente. Encontrei-a pior que no dia anterior.
Tem uma grande dificuldade em respirar; colocaram-lhe uma máscara na boca e no nariz, para auxiliar a respiração, e esteve com a máscara o dia todo.
O médico apareceu lá na noite anterior e pediu uma TAC e um RX ao tórax.
A Zu foi fazê-la às 18 horas e estava na altura com 39º de temperatura.
Eu estava muito preocupado com a situação. Falei com a médica de serviço nos cuidados intermédios, sobre a razão daquela dificuldade em respirar, mas a médica disse-me que desconhecia a razão, pois o RX não indicava nada.
Há muitos dias que a Zu se vem queixando de uma pontada no pulmão esquerdo, onde lhe fizeram o pneumotorax na primeira operação, bem como de falta de ar. Desde a primeira operação que ela tem estas queixas. Tem usado uma bomba para respirar e faz fisioterapia (ténicas especiais de cinesiterapia) todos os dias.
Dia após dia asituação tem vindo a agravar-se, e nunca foi vista pelo pneumologista. Quanto ao funcionamento dos intestinos, hoje nem sequer se falou nisso, porque a prioridade era a falta de ar. Eu ainda perguntei à médica porque não lhe faziam um clister, e ela respondeu-me que não era conveniente por causa dos pontos da cirúrgia.
Amanhã, dia 21, estou ansioso para ver como a encontro."

DIA 19 DE NOVEMBRO

A situação não se alterou. Fizeram-me um clister, mas não resultou.
O médico ainda não tinha vindo visitar-me.
O Zé apareceu por volta das 2 horas da tarde. Eu estava muito incomodada, sonolenta e saturada com a situação.
Por volta das 15horas, disse-lhe para ele ir para casa pois o dia estava horrível. Chovia torrencialmente e fazia muito vento.

DIA 18 DE NOVEMBRO

Continuei nos cuidados intermédios. O médico passou para me ver, vinha muito à pressa. Falou com as enfermeiras de serviço e receitou-me qualquer coisa para os intestinos, pois há muito que não funcionam.
Sentia-me muito abatida, sonolenta e indiferente a tudo.

DIA 16 DE NOVEMBRO

O Zé escreveu nos seus apontamentos:
"Fui mais cedo para o Hospital dos SAMS, com a intenção de falar com o médico.
Este, mais uma vez, disse-me que a Zu ia continuar nos cuidados intermédios, pois aí tinha uma vigilância de 24 horas.
Mais me informou que ontem, dia 15, tinha tido uma arritemia, devido ao sangue estar mais diluido, mas que hoje a situação estava estabilizada. O médico também me disse que já ouvira os intestinos a trabalhar, o que era um bom sinal, a tensão arterial está estabilizada, igualmente.
O operador voltou a dizer-me que ali nos cuidados intermédios, a Zu estava melhor que no quarto, e pelo que entendi, amanhã sábado ainda aí permenacerá.
Teve a visita da médica anestesista que achou o seu estado satisfatório."

terça-feira, 1 de abril de 2008

DIA 15 DE NOVEMBRO - AVENTURA DO BYPASS GÁSTRICO - A SAGA CONTINUA...

Mantive-me nos cuidados intermédios. Estava bastante abatida e muito impaciente. Como há mais de 48 horas, que estava deitada, as costas doíam-me bastante.
No Hospital

DIA 14 DE NOVEMBRO

Passei o dia inteiro nos cuidados intermédios.
Sentia-me doente e muito debilitada fisica e psicologicamente.

DIA 13 DE NOVEMBRO - 4ª OPERAÇÃO

O Zé chegou aos cuidados intermédios, onde eu me encontrava, ainda eu estava bastante debilitada pela anestesia da noite anterior.
O médico tinha estado comigo logo pela manhã e dissera-me que teria que me operar de novo.
Logo que o Zé chegou ao pé de mim, eu disse-lhe que o médico me ia operar novamente. Seria nesse dia e dentro de pouco tempo. Assim aconteceu.
Mais uma vez, fui levada para o bloco operatório, e fui operada de barriga aberta.
A operação acabou cerca das 17 horas.
Por volta das 18 horas, o Zé conseguiu falar com o médico operador. Este disse-lhe que havia uma aderência do intestino, junto à vesícula, que estava a deixar passar os sucos.
Sempre acreditámos na competência do médico e nunca pusemos em causa as suas decisões ... também naquele momento, poucas ou nenhumas alternativas, tínhamos! Estava nas mãos do médico!!!
Ele disse ao Zé, que esta 4ª operação tinha corrido bem. O médico disse-lhe que são " pequenas cirurgias!?" que têm que ser feitas com anestesia para evitar a dor!!! para o doente é um grande desgaste físico e um grande sofrimento psicológico.
Às 20 horas, o Zé veio ver-me aos cuidados intermédios. Estava a recuperar da anestesia. Disse-me que tinha estado a falar com o médico, que eu estivesse tranquila que daqui para a frente tudo iria correr bem!!!

O DIA 12 DE NOVEMBRO - 3ª OPERAÇÃO

Fiz a TAC logo pela manhã e o médico voltou a dizer-me que os líquidos não passavam para o intestino, que se via um estrangulamento.
Neste mesmo dia, ao fim da tarde, fiz uma nova TAC, a que o médico assistiu.
Feito o exame, cheguei ao quarto por volta das 8 horas da noite. Logo de seguida, chegou o médico e disse-me a mim e ao Zé que eu teria que ser operada de novo.
Passado pouco tempo, vieram buscar-me para me levarem para o bloco operatório.
De novo entrei no bloco, fui anestesiada e de novo operada com laparoscopia. A operação acabou à meia noite. O médico operador falou com o Zé e disse-lhe que agora tudo estava bem, e vinha bastante animado.

DIA 11 DE NOVEMBRO - DOMINGO - QUARTO 607

Tive poucas visitas.
O Zé chegou cedo ao hospital, trouxe-me um caldo de galinha feito pela minha mãe. Comi umas colheres de caldo, um pouco de fruta batida e um pouquinho de iogurte.
Cerca de uma hora e meia depois, comecei a sentir-me muito mal disposta. O enfermeiro teve que me aspirar os alimentos que tinha no estômago. Já para o fim do dia, pedi ao Zé que me levasse a dar uma voltinha nos corredores e após esse passeio, fui à casa de banho e evacuei umas feses líquidas, e fiquei um pouco mais bem disposta.
Da parte da tarde, o cirurgião passou pelo quarto, e disse -me que ia pedir uma nova TAC, para amanhã, dia 12, pois quer ter a certeza que tudo está bem.

DIA 10 DE NOVEMBRO - SÁBADO

A manhã foi bastante calma.
À tarde, tive muitas visitas. Ao fim do dia, sentia-me muito cansada.
Os alimentos continuavam a não ficar no estômago. Ainda não tinha evacuado durante todos estes dias

O DIA 9 DE NOVEMBRO

Passei o dia inteiro com a sondanasogástrica fechada.
Ao jantar, procurei comer um caldo que me trouxeram, com um aspecto horrível. Não consegui comê-lo.
O médico não me visitou .

O DIA 8 DE NOVEMBRO

Sentia-me um pouco melhor, em relação ao dia anterior.
O médico apareceu da parte da manhã e disse-me que estava tudo sobre controle.
Os enfermeiros fecharam a sondanasogástrica e com muito esforço da minha parte, consegui aguentar-me, sem vomitar, até às 18 horas. Sentia-me muito agoniada.

O DIA 7 DE NOVEMBRO

Ao meio dia levaram-me para o quarto, como estava previsto.
Sentia-me muito abatida, quer fisica quer psicologicamente. O Zé também estava preocupado, pois via-me bastante abatida.
Vieram fechar-me a sondanasogástrica e passado pouco tempo já estava a vomitar. Sujei a cama e o pijama. Tiveram que me mudar tudo. Face ao sucedido, abriram a sonda para que os sucos gástricos fossem para o saco. Os vómitos pararam.

O DIA 6 DE NOVEMBRO - 2ª OPERAÇÃO

O médico veio ao meu quarto, informando-me que ia ser, de novo, operada. Fiquei nervosa e perguntei-lhe quando seria a operação. Ele respondeu-me que iria ser agora já.
Telefonei ao Zé, dizendo-lhe que ia para o bloco operatório para ser operada. Procurei acalmar-me pois de nada serviria eu entrar em stress.
Voltei a ser anestesiada e repetiu-se tudo novamente. Seria com laparoscopia.
Às 19 horas, regressei aos cuidados intermédios. Estava mais desperta que da 1ª operação. O Zé aguardava-me e eu mostrei-me bem disposta para não o enervar ainda mais.
Se tudo correr bem, amanhã, dia 7, volto para o quarto.

O DIA 5 DE NOVEMBRO

Logo pela manhã, deram-me 3 copos de líquido de contraste, para ir fazer a TAC. Tive imensa dificuldade em beber tanto líquido.
Não tinha comido nada desde o dia 2.
O médico apareceu depois do almoço, viu a TAC feita pela manhã, e não gostou do que viu! O intestino estava dilatado ou contraído, ainda não sei bem o que aconteceu! Provavelmente teria que operar-me novamente.
Apesar dessa informação, eu estava relativamente bem disposta. Tinha alguma febre, deram-me um antipirético e quando o Zé foi para casa, cerca das 20 horas, eu ainda estava sentada no cadeirão.

O DIA 4 DE NOVEMBRO

No dia 4, acordei mais ou menos bem disposta. Levaram-me para tomar banho e depois fiquei sentada no cadeirão.
Por volta das 13 horas, telefonei ao Zé, dizendo-lhe que estava com uma grande pontada no pulmão esquerdo; também mandei uma mensagem ao médico, dizendo-lhe que me sentia mal.
O cirurgião, ao ver a mensagem, entrou em contacto com os enfermeiros, para que me dessem uma injecção para as dores e me aplicassem a bomba dos asmáticos; depois disso fiquei mais calma.
O Zé chegou por volta das 14 horas e já me sentia melhor.
O médico chegou também, e disse-me que no dia seguinte, iria fazer uma TAC aos pulmões, para se ver qual a verdadeira situação.

O DIA 3 DE NOVEMBRO

O Zé, meu marido escreveu:
"São 10 horas da manhã; ainda não lhe telefonei, não sei como terá passado a noite.
Cerca das 13 horas dirigi-me ao Hospital e a Zu disse-me que tinha passado bem a noite. Estava à espera do médico, pois os enfermeiros nem água lhe quiseram dar, sem que o médico desse autorização.
O cirurgião chegou por volta das 16 horas, autorizou-a a beber água, pouca de cada vez, mas várias vezes.
Amanhã dia 4 (Domingo) o médico ficou de passar por lá e vamos ver se ele lhe tira a sonda nasogástrica!
Até hoje, ainda não lhe apareceu no quarto a nutricionista. E a sopa que lhe deram no dia 1 à noite e no dia 2 ao almoço não era um caldo desengordurado, era sim uma sopa cremosa e pastosa feita de batata e cenoura. Oxalá eu não esteja enganado! quem sabe se foi essa sopa que lhe causou todo o mal estar de ontem, bem como os vómitos constantes.
Vamos ver, amanhã dia 4, qual vai ser a evolução!"

domingo, 16 de março de 2008

O BY - PASS GÁSTRICO ( CONTINUAÇÂO)

No dia 1 de Novembro, levaram-me para o meu quarto.
Sentia-me calma. Doía-me o pulmão esquerdo, mas não tinha falta de ar. Tive a visita do Zé, o meu marido.

No dia 2 de Novembro, sentia-me mais ou menos bem.
Ao jantar, trouxeram-me uma sopa de puré de cenoura. Achei-a um pouco grossa e como a vontade não era nenhuma, preferi não comê-la.

A MINHA "AVENTURA" DO BY-PASS GÁSTRICO

Antes de mais nada, quero dizer que a linguagem que vou utilizar é uma linguagem corrente, simples e de uma leiga no assunto.
Como não sou médica, tudo aquilo que mais à frente vou escrever é apenas o relato da minha experiência ( bastante complicada!), que poderá servir de informação a quem está a pensar sujeitar-se a uma operação do by-pass gástrico.
Quatro meses depois, ainda me sinto bastante doente, ainda vomito com muita frequência e as melhoras têm sido muito lentas.

No dia 30 de Outubro de 2007, dei entrada no Hospital dos SAMS .
Seria operada no dia 31 de Outubro.
A operação demorou cerca de 4horas e correu bem.
Quando acordei da anestesia não conseguia respirar. Comecei a sentir-me bastante mal. De imediato apareceu um médico pneumologista que me fez uma punção ao pulmão esquerdo. Adormeci de imediato. Não me recordo de mais nada. Afinal, fizeram-me um pneumotorax quando me colocavam um catecter. Tocaram-me no pulmão, este retraiu-se, dando origem a um pneumotorax.
Quando acordei, levaram-me para os cuidados intermédios.

DE UMA LARANJA A DOIS GOMOS

Tenho 59 anos. Estava cada vez mais gorda.
Não conseguia levar uma dieta até ao fim.
Sentia-me culpada por ter atingido o peso de 105Kg. Meço 1,61m. Sentia-me pesada e gorda.
Então tomei a decisão de fazer uma operação para fazer um by-pass gástrico.
Fui ao médico cirurgião que me deu as informações necessárias. Seria operada no Hospital dos SAMS e o internamento seria de 3 a 5 dias. Fazer um by-pass gástrico não era uma operação complicada e ao fim de um mês retomaria as minhas aulas na escola.
Estava resolvida a fazer a operação e muito animada.