terça-feira, 15 de abril de 2008

DIA 7 DE DEZEMBRO - VOU PARA CASA!!!!

O médico apareceu e deu-me alta.
Eu sentia-me muito receosa, pois sentia-me muito abatida e fraca e tinha receio que quando chegasse a casa surgisse mais alguma complicação.
Vesti-me, com muita dificuldade, e preparei-me para deixar o Hospital, 40 dias depois de ter entrado ali.
Por volta das 2 horas da tarde, passámos pela casa dos meus pais para os levarmos para nossa casa.
Assim a minha mãe sempre me podia dar uma ajuda, a fazer a comida e para me fazer companhia.
Quando cheguei a minha casa, estava completamente de rastos. O suor escorria-me pela cara e pelas costas. As pernas tremiam-me. Tinha medo de cair. Sentei-me no sofá, mas estive ali muito pouco tempo. Deitei-me e fiquei o resto do dia na cama.
Comi muito pouco ou nada!!!

DIA 6 DE DEZEMBRO - QUARTO 611

Da parte da tarde apareceu o enfermeiro de serviço que me tirou o cateter. Finalmente estou completamente livre de tubos. Ainda não acredito que estou a melhorar e que em breve terei alta.
Comi muito pouco.
Pedi para me deitar cedo, pois sentia-me muito cansada.
Estava muito abatida e nem televisão quis ver!

DIA 5 DE DEZEMBRO - QUARTO 611

O Zé escreveu:
" Foi-lhe tirado o soro, ao fim do dia, após visita do médico operador. Hoje já ficou liberta de tubos, com excepção do cateter.
Deu uns pequenos passos pelo corredor."

DIA 4 DE DEZEMBRO - QUARTO 611

No dia 4 de Dezembro o meu pai fez 85 anos. Logo pela manhã, telefonei a dar-lhe os parabéns. Sei que estão muito preocupados com toda esta situação complicada que eu estou a passar.
O Zé foi almoçar com os meus pais. A minha mãe fez-me um puré de batata com frango cozido triturado. Comi pelo menos metade, daquilo que me mandou. Para sobremesa mandou-me uma tacinha de maizena, que não me soube bem, e por isso não comi.
Pedi ao Zé que me fosse comprar um queijinho fresco no bar do Hospital. Comi 1/4 ( 2 colherzinhas!) e fiquei satisfeita.
Já me levanto e sentam-me no sofá. Por vezes, fico muito cansada e peço para me deitar, pois sinto-me muito fraca.

DIA 3 DE DEZEMBRO - QUARTO 611

Mais um dia de internamento. Como me estou a sentir melhor, começo a ficar saturada de tantos dias no hospital.
O Zé trouxe-me um caldo de frango e sumo de fruta cozida. Comi uma colherzinhas. Não tenho apetite nenhum.
Já não tenho febre e parei com o antibiótico.

DIA 2 DE DEZEMBRO - QUARTO 611

Foi domingo. O médico não apareceu. A situação está mais ou menos controlada.
Tive muitas visitas. A minha cunhada Lena, o Nuno, o meu cunhado António Manuel, o meu sobrinho Ângelo e a Paula. Foi um constante entrar e sair de visitas no quarto. Eu sentia-me muito cansada, mas mais bem disposta do que nos dias anteriores.
A minha filha Rita e o Bruno vieram ver-me e partiram dali para o Algarve.

DIA 1 DE DEZEMBRO - QUARTO 611

A situação evoluía favoravelmente. Eu não me tranquilizava, pois estava sempre com medo que o médico aparecesse e me viesse informar de mais uma complicação.
Eu fazia uma TAC quase todos os dias e a minha ansiedade era constante. A infecção urinária continuava. Os raios X ao tórax eram diários...
Era dia feriado. O Zé, a Rita e o Bruno foram almoçar a casa dos meus pais e depois trouxeram-nos.
A minha mãe tem 80 anos e o meu pai tem 85 anos, por isso, o Zé não os pôs ao corrente de muitos dos problemas e das complicações que surgiram durante estes 30 dias de internamento. Chegaram muito abatidos e preocupados e aos poucos foram-se apercebendo de algumas das situações anómalas por que eu tinha passado.
A minha tia Maria Emília e a minha afilhada Elsa vieram visitar-me. No final do dia, apareceram os meus cunhados Rodrigo e Odília. Todos entravam com uma expressão de incredulidade e de expectativa. Sabiam o que se tinha passado e andavam preocupadíssimos que surgissem mais problemas.

DIA 30 DE NOVEMBRO - QUARTO 611

O Zé escreveu:
" Dia muito semelhante ao anterior. Tiraram-lhe a algália, fizeram uma análise e verificaram que havia uma infecção urinária. Começou com um novo antibiótico específico para esta infecção.
A amiga Risoleta veio visitá-la. Ao fim do dia, apareceram a Rita e o Bruno, que vieram do Algarve para a ver.
A Zu mostrou-se satisfeita com as visitas, mas notava-se que estava cansada e abatida."
Lembro-me de ver chegar a minha filha Rita e o marido e de me esforçar por mostrar que estava bem. Não queria preocupá-la, pois com tantos problemas que me tinham acontecido, desde o dia 29 de Outubro até este dia, eu sabia que ela andava muito nervosa e muito apreensiva. Eles vivem e trabalham no Algarve, assim a distância era grande e não era fácil aparecerem sempre que queriam.

DIA 29 DE NOVEMBRO - QUARTO 611

Dormia mais ou menos bem.
Logo pela manhã, começava o vai-vem constante e o rebuliço dos enfermeiros, do pessoal auxiliar, do fisioterapeuta. Sentia-me muito cansada e eles também não me mandavam levantar. Não tinha forças para isso!
O Zé trouxe-me um caldo de carne, que eu não bebi nada, pois não gostei do sabor. Bebi uma colheres de sumo de maçã cozida e uma colherzinha de iogurte. O Zé ficou comigo até às 20h, hora a que terminava a visita.

DIA 28 DE NOVEMBRO - C. INTERMÉDIOS

Não sabia que dia do mês era hoje, mas calculava que estivéssemos quase no fim do mês.
A minha filha Rita fazia, no dia 28 de Novembro, 37 anos. Quis reagir, dar-lhe os parabéns com uma voz menos cansada, mas não consegui. Estava muito abatida. Os médicos abeiravam-se da minha cama e queriam saber como me sentia. Não era preciso dizer-lhes nada, pois eles viam como estava prostrada, abatida e indiferente a tudo e todos.
Não chorava. As lágrimas desapareceram desde que entrei no Hospital dos SAMS.
Hoje à tarde, passei para o quarto 611. Será que já não vou para mais nenhum lugar? Estava impaciente para vir para o quarto. Queria descansar e afastar-me do movimento constante dos cuidados intermédios.
Bebi 4 colheres de sumo de fruta e 4 colheres de água.
Eu estava relativamente bem disposta! O Zé ficou comigo no quarto até às 21h30. Esperou pelo médico operador para falar com ele, e como sempre o médico disse-lhe que estava tudo a correr bastante bem!
A todo o momento, entravam e saíam enfermeiros para me darem uma injecção, um comprimido, uma picadela no dedo, etc. etc. , quando me dispunha a dormir aparecia sempre alguém...

DIA 26 DE NOVEMBRO - C. INTERMÉDIOS

Continuo nos cuidados intermédios. Não tenho visitas. Apenas o Zé me pode vir visitar. Continuo muito abatida e apática. Tenho medo de ter uma recaída e de ter de voltar aos cuidados intensivos.
Hoje, o Zé não me trouxe nada para comer, também não era necessário!
Quando ele chegou, para a visita das 14h, eu estava com 38º de febre. Não se sabe de onde vem a febre. Será da septicemia? Será outra complicação? Todas estas interrogações me deixam muito preocupada e abalada.
O Zé foi falar com o médico cirurgião, que se mostrou optimista como sempre!???? A partir de hoje, iriam dar-me alimentação parentérica, através das veias, para estimular os intestinos. Há muito que não evacuo.
Sinto que todo o meu ser está parado, sem reagir a quaisquer estímulos.
Continuo a sentir-me muito mal...

DIA 25 DE NOVEMBRO - CUIDADOS INTERMÉDIOS

Ao fim da tarde do dia 24, passei para os cuidados intermédios.
Sentia-me muito doente, abatida e apática. Não falava com ninguém e não me apetecia voltar ali, aos cuidados intermédios, local de passagem para todos os operados, mas que para mim se estava a tornar um local de permanência. Aí, vive-se um clima de constante movimentação. Não há sossego, pois a todo o momento, está a chegar mais um doente do bloco operatório. Há gemidos, há ais, há sofrimento, há dor.
Por mais que eu quisesse abstrair-me do ambiente e do local onde me encontrava, eu não o conseguia, pois o vai-vem dos enfermeiros, dos médicos e dos familiares dos doentes é constante.
O Zé, bastante abatido e preocupado com toda esta situação, apareceu por volta das 14 h. Trouxe-me um caldo de galinha e caldo de maçã cozida. O apetite não era nenhum. Eu sabia que tinha que me alimentar, pois sentia-me muito fraca, mas não conseguia beber nada. Bebi 3 ou 4 colheres de sumo de maçã.
Tinha 38º de febre, e a prostração era total.
À tarde, trouxeram-me um chá de tília, mas eu não consegui beber nem sequer uma colherzinha!